segunda-feira, 4 de junho de 2012



 Em Marte, antes da queda

 Sobre nosso engenheiro...

Coisas tecnológicas flutuando, vencendo a gravidade me fizeram parar aqui. ...

Frio, gelado. Eu não saberia se não tivesse caído. Só sabia de ouvir falar, e acreditava quando os termômetros me diziam; agora sei que eles não sabem de nada. No fundo de uma fenda marciana eu deveria me sentir o homem mais isolado do universo, mas sabia que não era verdade. Sumi, deixei rastros, e meu localizador facilitaria o trabalho de quem me procurava. Eu devia ter avaliado melhor o grau de dureza da rocha, Não deveria estar sozinho na escalada. Sentia-me tão idiota que o fato de estar definhando em um lugar onde nenhum homem jamais esteve não fazia a menor importância. Não quebrei nenhum osso a queda poupou meu pescoço. A segunda coisa pior que poderia ter acontecido, uma despressurizarão do traje, não aconteceu, só a primeira camada de aquecimento havia sido rompida expondo minha perna direita à atmosfera gelada. Se o socorro demorar muito posso perdê-la. Tudo isso por causa de 30 metros de queda, qual o azar ou sorte disso? Óbvio que não queria morrer, mas dentro de todos os objetivos que coloquei pra mim, se me fosse dada à escolha de um local e uma situação pra morrer certamente seria aquela. O momento era um misto de medo excitação, satisfação. Frio, a dor momentânea o isolamento. Estou no lugar certo, fiz as escolhas certas, não me arrependo de nada. Aquele céu estranho, todo mundo dizia que era alaranjado, mas eu tinha minhas duvidas, nunca ninguém definiu direito àquela cor. Os acadêmicos graduandos mestres e doutores em geologia irão gostar de saber as características especiais daquela rocha, principalmente precisarão saber que não é uma base de apoio segura pra quem decidir escalar ou descer por aquelas regiões eu também não recomendaria construir nenhuma estrutura ali. Mas pra saberem disso vão ter de me achar primeiro...

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